7 Dez 2015

Testemunho: Ricardo Moreira

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No Sábado passado, a 28 de Novembro de 2015, dei por mim numa viagem a um local não muito comum quando se fala de empreendedorismo – Leiria.

Sempre que ouvimos falar em eventos deste género é habitual ouvir nomes de outras capitais de distrito, mas a equipa organizadora já me era conhecida e eu sabia que tinham uma ótima dinâmica. A verdade é que o evento justificava, e bem, que Leiria foi outrora o local da matéria prima e coragem para lançar as primeiras embarcações Portuguesas ao mar.

A Portuguese Entrepreneurs lançava assim a data para comemorar um marco de que pouco se ouviu falar ao longo deste ano – os 600 desde o início da época dos Descobrimentos Portuguesa, os 600 anos de empreendedorismo Português.

Uma imensidão de histórias para contar, para refletir, e na realidade numa época em que tanto se fala do empreendedorismo apenas com olhos no futuro, porque não olhar também um pouco para o passado? Não haverá nada que a História do nosso povo nos possa ensinar? Era um evento que prometia um “Diz-me de onde vens e dir-te-ei para onde vais”.

E assim foi! Casa cheia no auditório da Nerlei, uma associação que se mostrou capaz de juntar os seus mais curiosos empreendedores e juntá-los para uma tarde com um painel fenomenal. Desde empresários de grande sucesso na região, até gerações migrantes do outro lado do Atlântico, ouvimos histórias de como estes empresários de sucesso construíram o seu caminho.

Não sei se a maioria partilhará desta opinião, mas o que mais me impressionou ficou longe dos seus negócios Internacionais ou dos seus milhões de faturação. Foi sim a sua vontade, resiliência e espírito patriota (se assim o pudermos chamar). Numa altura em que a globalização traz desafios extremos e mares turbulentos e incertos, assim como outrora lusos olharam no horizonte azul e disseram ‘Vamos para onde mais ninguém vai’, eles fizeram o mesmo.

Quando todos teriam deslocado uma empresa de sucesso Internacional para fora de Portugal, Filipe Carvalho da WideScope disse “Não!” e ascendeu a líder Internacional do seu setor. Quando todos diziam “Cooperar? Para quê? Estou bem. Não, obrigado!”, António Poças da InCentea sabia que para crescer no estrangeiro era necessário união, e hoje consolidam milhões de faturação em vários mercados dentro deste grupo de empresas. Quando muitos pensam que emigrar é a opção, Greg Petit-Peucelle mergulha no mercado nacional, após anos de experiência Internacional, cria o seu próprio negócio e acredita que aqui reside o potencial para um negócio e vida plenos. Quando muitos parecem esquecer as raízes, Randy Ataíde, empresário, investidor e banqueiro luso-americano, estuda incansavelmente as suas origens lusas, a influência de Portugal no mundo e, ‘milhões de doláres depois’ de construir negócios de sucesso nos EUA, quer apoiar o empreendedorismo Português.

A lição que fica? A nossa maior vantagem competitiva: o espírito Luso! Esta resolução para conseguir conquistar qualquer ‘Cabo das Tormentas’.

O balanço deste evento? Temos muito para aprender com os Anos Dourados Portugueses. Will Durant, historiador e vencedor do Pulitzer Prize em 68 pelo trabalho da sua vida – ‘A História da Civilização’ – disse “Muitos de nós passam demasiado tempo nas últimas 24 horas, e não o suficiente nos últimos 6000 anos”. Pois para nós será muito pouco nos últimos 600.

E esta é a maior contribuição deste evento, que tanto nos mostrou onde um passado de conquistas, colaboração, coragem e amor a este Império Luso nos pode levar.

Os meus parabéns à Portuguese Entrepreneurs e ao Gonçalo Henriques, homem deste leme.