1 Dez 2015

MAESTRA EM ENTREVISTA – INSPIRING PEOPLE

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A Regina Ponces é uma das fundadoras da Maestra, empresa com menos de um ano, sediada na região de Leiria e que se dedica ao aconselhamento e apoio a pequenos empreendedores, líderes de pequenas e médias empresas na definição de estratégias globais para os seus projectos empresariais.

Uma das frases que mais gosta de utilizar, é bastante reveladora da forma como ela e a irmã se entregam àquilo que fazem. Não resistem a deixarem-se entusiasmar por boas ideias e um dos valores que orienta o seu trabalho é sem dúvida a paixão, colocando sempre em cada projecto o melhor de cada uma delas. 

 

O QUE A INSPIROU A CRIAR A MAESTRA?

A Maestra é uma “criação” minha e da minha irmã, Liliana. Cada uma trabalhava, até ao Verão de 2014, por conta de outrem, eu na área da Psicologia (minha formação de base), na vertente da formação, recrutamento, etc; e ela na área da Publicidade e Marketing.

Pode-se dizer que sempre tivemos “o bichinho” de, um dia, ter o nosso próprio negócio. Sempre tivemos imensas ideias e projetos de negócios, até para outras pessoas. Em 2013, criámos uma outra empresa, a Imaginação na Bagagem (InB), e abrimos um bar de inspiração irlandesa, no centro de Leiria, com um conceito completamente diferente do que existe até à data e pode-se dizer, que esse acabou por ser o primeiro passo e que nos demonstrou que eramos capazes, que conseguíamos erguer um negócio do princípio até ao fim, ainda conciliando com o trabalho por conta de outrem que tínhamos.

O bar continua a funcionar e em expansão e emprega, actualmente, dois colaboradores. Com essa mesma empresa organizámos em Março de 2015, a 1ª Festa da Cerveja Artesanal de Leiria que, com mais de 4.000 visitantes, foi um sucesso.

Este à parte, porque na verdade não tem a ver com a Maestra directamente, mas torna-se importante, pois julgo que foi aquilo que nos permitiu ganhar coragem e dar um passo maior. Deixar os nossos empregos – a minha irmã estava numa agência de publicidade há mais de oito anos e eu, desde 1997, no IEFP, onde exercia as funções de Conselheira de Orientação Profissional e onde exerci o cargo de chefe de serviços e diretora do Centro de Emprego de Alcobaça, durante dois anos (sendo a última função em regime de substituição). E foi o que aconteceu, demos esse passo!

Na altura, quando criámos a Maestra (Ma = Marketing + Estra = Estratégia), no início deste ano, 2015, sabíamos o que queríamos – ajudar as empresas a crescer, a funcionar melhor, ter melhores resultados, dar mais valor aos colaboradores e ao capital humano – não sabíamos ao certo ainda como haveríamos de conciliar as áreas profissionais das duas, mas sempre achámos que seria possível, se pensássemos em termos estratégicos, pois gostávamos desse trabalho próximo com as empresas e empresários.

A missão da Maestra inclui em si mesma a essência do que nos moveu: servir os nossos clientes, procurando apoiá-los na concretização dos seus objectivos, nas mudanças que queiram empreender, ajudando-os a procurar e a antecipar as suas próprias necessidades, promovendo o seu crescimento e um desenvolvimento mútuo, assente num trabalho de proximidade e de colaboração.

Eu fazia muito esse trabalho junto das empresas, principalmente entre 1997 e 2009, período em que estive em Alcobaça, e no qual contactei directamente com as muitas empresas dos muitos sectores da região (cerâmica, calçado, marroquinaria, cutelaria, moldes, plásticos, mobiliário, turismo e 3º sector) e a Liliana, que sempre esteve mais ligada às agências de comunicação e publicidade, sempre sentiu necessidade de apoiar as empresas um pouco mais a jusante, e antes de se entrar em opções de comunicação, fazer um site ou escolher o tipo de catálogo.

Das nossas experiências profissionais, tínhamos a perfeita noção de que as empresas precisavam de algo mais, de alguém que estivesse com elas e as apoiasse, num trabalho conjunto e próximo, a definir estratégias, “formas de lá chegar”, preparar as pessoas para as mudanças, ajudar as empresas em transições, como é o caso das sucessões nas nossas PME’s, grande parte delas de cariz familiar.

Pode parecer presunção, mas acho que nos inspirámos em nós mesmas, no trabalho que já fazíamos, na vontade de fazer mais e melhor e de forma diferente, sabendo de antemão que isso não era possível nos locais de trabalho que tínhamos.

 

QUE OBSTÁCULOS ENCONTROU DESDE QUE TEVE A IDEIA ATÉ À EXECUÇÃO?

Não podemos dizer que tivemos muitos obstáculos, pois a ideia já a tínhamos há muito tempo e foi-se consolidando também com o tempo. Fizemos previamente alguns contactos com empresas que conhecíamos e que conheciam o nosso trabalho, para que o passo fosse mais ponderado e conseguíssemos iniciar a atividade já com alguns clientes e foi o que aconteceu.

Pode-se dizer que inicialmente tínhamos um handicap de não percebermos de imediato como iríamos ligar as duas áreas de formação das duas e claro, tivemos e ainda vamos tendo, o obstáculo orçamental para fazer tudo o que gostaríamos e como gostaríamos. Recorremos a alguns apoios do Estado para a criação do próprio emprego e eu, pessoalmente, trouxe uma indemnização do IEFP, porque saí de comum acordo através do programa de rescisões que o Estado desenvolveu o ano passado, permitindo-nos assim ter um fundo de maneio para fazer face às primeiras e principais despesas. Provavelmente, neste momento, já precisaríamos de ter mais alguém a trabalhar connosco mas não conseguimos, pois os encargos com RH é das coisas que mais “atrofia” as empresas.

 

O QUE A LEVOU A ACREDITAR QUE CONSEGUIRIA?

Nós as duas somos muito pessoas de “fazer” e acho que “acreditamos para ver”, somos de “arregaçar as mangas” e fazer as coisas acontecerem. A vida foi-nos dando a experiência suficiente para acreditarmos em nós e sabermos de que seríamos capazes. Eu com 45 anos e a minha irmã com 37, já tínhamos reunido uma série de know-how e feedback das empresas com que fomos trabalhando ao longo dos anos, para construirmos uma ideia real das nossas capacidades enquanto profissionais e ambas sabíamos que possuíamos a capacidade de trabalho, persistência, motivação e determinação necessárias para levar um projecto por diante.

E, na verdade, provavelmente a dose de loucura q.b. para nos “abalançarmos” num projecto destes, numa época chamada de crise, tendo ambas as nossas famílias para suportar e todas as nossas despesas (iguais às de toda a gente) para pagar. Sempre fomos ouvindo aqui e ali, que tínhamos tido coragem e, na verdade, isso também é preciso, mas a isso sempre respondi: Coragem, sim, mas acima de tudo confiança em mim, na minha determinação e capacidade de trabalhar.

 

DIARIAMENTE O QUE O INSPIRA A FAZER MAIS E MELHOR?

A Maestra ainda não tem um ano, vai comemorá-lo em Janeiro próximo (com uma iniciativa, ainda sem nome oficial, mas será um workshop de um dia para Líderes, empresários de PME’s) e, como tal, todos os dias são ainda desafios e cada vez que um corre bem, inspira-nos a fazer mais e cada vez que um não corre tão bem, inspira-nos a fazer melhor.

Estamos ainda numa fase de dar a conhecer o nosso trabalho e sabemos que nada melhor do que termos os nossos clientes a falar bem de nós, por isso todos os dias são um desafio inspirador, para crescermos e conseguirmos ter uma equipa maior, mais sólida e podermos também investir em nós, aprendermos mais, estarmos sempre à frente, pois é a melhor maneira de ajudarmos os nossos clientes.

 

QUAL CONSIDERA SER O MAIOR DESAFIO EM TER UM NEGÓCIO PRÓPRIO?

O maior desafio, na minha opinião, é a determinação e a confiança em nós mesmos, para não baixar os braços e não desistir ou desanimar face à primeira contrariedade. Posso dizer, que num dos eventos que organizámos, ainda na outra empresa, a InB, e que não correu tão bem quanto desejaríamos, a primeira ideia é “não fazemos mais nenhum”, mas passado o impacto, de analisarmos os erros cometidos e o que se podia melhorar, a ideia passou a ser: vamos fazer o próximo para compensar este que correu menos bem!

O maior desafio acaba por ser sempre arranjar clientes, mas se tivermos uma boa ideia/bom produto, um plano estratégico e financeiro bem feito, ponderando várias variáveis e contrariedades, o principal desafio passa a ser fazer com que as pessoas confiam em nós, no nosso serviço/trabalho e isso só se consegue, quando nos entregamos aos projectos com paixão e de forma honesta e sincera.

 

QUE METAS A MAESTRA DESEJA ATINGIR EM 2015?

Como já referi, este é o nosso primeiro ano de existência e tínhamos como objectivo principal, angariar mais clientes do que aqueles com que começámos. Neste momento já duplicámos o número de clientes com que iniciámos a Maestra, com quem trabalhamos em regime de avença mensal na área da consultoria, tendo ainda, dentro dos mesmos clientes, diversificado as áreas de consultoria com que começámos. Temos depois outros clientes que foram surgindo para trabalhos mais pontuais, nomeadamente para elaboração de planos estratégicos, de internacionalização, de benchmarking, entre outros, resultantes de parcerias que temos com outras empresas de consultoria da região , no âmbito dos programas de financiamento 2020, estando a Maestra acreditada para a prestação de serviços de consultoria para os Vales 2020 Inovação.

À medida que o trabalho ia decorrendo, os nossos serviços acabaram por se estender para a área da formação, estando a Maestra a contar estar certificada pela DGERT como entidade formadora já a partir do próximo ano. Não estando inicialmente nos nossos planos, essa área, bem como a do recrutamento e selecção, como áreas estratégicas para o nosso negócio, acabaram por se tornar, uma vez que temos tido pedidos nesse sentido, essencialmente, como resposta às necessidades que vamos encontrando nas empresas em que prestamos os serviços de Consultoria.

Portanto, já podemos dizer nesta altura, que os objectivos que pretendíamos atingir em 2015 estão atingidos, uma vez que num primeiro ano de existência (ainda não concluído), temos estado sempre a crescer e sem grande investimento em comunicação – porque o dinheiro não dá para tudo – mas apostando essencialmente num trabalho de excelência que fale por nós, numa boa rede de contactos e, consequentemente, na divulgação “boca-a-boca”.

Hoje em dia – aquilo que não era claro quando começámos – temos a perfeita noção que ambas as áreas, o marketing estratégico e as questões organizacionais e de RH, estão e andam sempre de mãos dadas e, claramente, quando elaboramos um primeiro diagnóstico, percebemos e demonstramos aos nossos clientes, que a organização é aquilo que permite à empresa cumprir (ou não) os seus objectivos e levar a sua missão em diante, e ambos têm que estar afinados e alinhados nesse propósito e tentamos apoiá-los naquilo que for mais premente, face ao seu pedido, objectivos e estrutura organizacional.

 

QUE CONSELHO DEIXARIA A ALGUÉM QUE QUEIRA TER UM NEGÓCIO INOVADOR?

Um empreendedor é acima de tudo um “agarrador de oportunidades” e tem que o fazer no tempo certo! Para isso, é preciso estar atento às oportunidades, nunca descartar uma ideia como inválida antes de a testar, é preciso acreditar em si mesmo e nas suas capacidades e perceber o que a sua ideia traz de novo, que necessidade satisfaz no potencial cliente e, claro, estar disposto a arriscar.

Para tal, também é preciso ser um bom cliente, saber estar do outro lado, de forma crítica e construtiva, só assim saberemos o que oferecer e a quem. Acima de tudo, aconselhamos a que se apoiem na preparação de um bom projecto, estratégico e de financiamento, pois ter uma ideia, ou uma ideia de produto, por si só, não faz um negócio e um negócio constrói-se a partir de inúmeras variáveis que precisam ser ponderadas.

A Maestra foi Gold Partner do Evento: 600 Anos de Empreendedorismo Português no Auditório da Nerlei em Leiria.

Em baixo, as duas sócias-fundadoras da empresa, Regina Ponces e Liliana Ponces.

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